Coari (AM) – O ex-prefeito do município de Coari, Adail Pinheiro (Republicanos), foi mais uma vez eleito no 1° turno das eleições 2024 com 51,12%, equivalente a 20.316 votos, mesmo sendo condenado pela justiça do Amazonas em 2014 por crimes de favorecimento à prostituição, indução à satisfação de impulsos sexuais e por submeter crianças e adolescentes à prostituição e exploração sexual. Em 2018, o prefeito eleito recebeu também condenação de 57 anos e 5 meses de prisão, por comandar um esquema milionário de fraudes em licitações e desvios de recursos públicos da prefeitura do município.
Adail Pinheiro foi alvo de diversas investigações, mas o que determinou sua prisão e condenação foi uma investigação em 2004, a partir de uma representação encaminhada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Polícia Federal (PF), que relatou haver irregularidades na execução de um convênio firmado entre a prefeitura de Coari e a União, por meio do Ministério do Meio Ambiente, para a construção de um aterro sanitário no município. As investigações ocorreram através da Operação Vorax, que desvendaram os movimentos e estratégias de um grupo envolvendo Adail, onde simularam as licitações realizadas em Coari por meio da participação de diversas empresas em nome de laranjas, para que o vencedor sempre fosse algum integrante da organização criminosa que controlava a empresa de fachada.
Neste esquema desmantelado pela PF, descobriu-se que o vencedor se apropriava de parte do dinheiro e entregava a outra parte à organização criminosa, comandada pelo então prefeito da época, que era Adail Pinheiro, muitas vezes sem que o produto ou serviço chegasse a ser entregue. O ex-prefeito na ocasião foi manchete de várias capas de jornais, teve seus crimes expostos em rede nacional e teve seus direitos políticos suspensos por oito anos, porém, mesmo distante do palanque político, o prefeito eleito de Coari seguiu nos bastidores, preparando o seu retorno ao cenário eleitoral.
Pedofilia
O envolvimento do prefeito eleito por Coari neste ano com abusos e exploração sexual de crianças de 05 a 15 anos de idade, foram descobertos pelas denúncias no decorrer das investigações em escutas telefônicas judicialmente autorizadas. Os relatórios da Operação Vorax, divulgados em 2008, resultando na prisão de Pinheiro, em 2009. Já em agosto de 2013, Adail Pinheiro (Republicanos) chegou a prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados.
Ainda foram presos junto de Adail Pinheiro, cinco funcionários da prefeitura de Coari, por suspeita de envolvimento em uma rede de prostituição infantil que seria comandada pelo prefeito eleito. O político foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) em 2014 a 11 anos e 10 meses de prisão, mas recebeu em 2016 indulto natalino concedido pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), que foi o perdão de sua sentença por crimes envolvendo a pedofilia.
Inelegível
O Ministério Público do Eleitoral (MPE), em setembro de 2024, apresentou embargos de declaração solicitando o indeferimento do registro da candidatura de Adail Pinheiro. Ainda consta que o político condenado pelos crimes de improbidade administrativa, não apresentou em tempo hábil as documentações ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE/AM), garantindo o deferimento no registro de candidatura.
As certidões ainda não apresentadas ao TRE-AM, poderá interferir na legibilidade para prefeito eleito assumir o cargo público, podendo ter sua eleição indeferida, pois a sua situação continua em julgamento na justiça. O político teve seu último prazo para apresentar os documentos nesta quinta-feira, 31.
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