Entre tarifaços e fanfarra: o tiro pela culatra de Trump

Arrogância, prepotência e excessos nunca foram bons companheiros para aqueles que militam na política. O presidente Donald Trump é um político que se enquadra como uma luva nesse conceito; mais grave ainda, porque ele é, por natureza, um fanfarrão.

No seu discurso de posse, mostrou profundo desprezo pela “mãe natureza”. Não só tirou os EUA do Acordo de Paris — que estabelecia compromissos das nações com a redução das agressões ao clima — como afirmou, com todas as letras, que iria apoiar políticas e financiamentos à indústria de petróleo e gás (a mais nociva à natureza).

Não satisfeito, tão logo assumiu, estabeleceu uma política de aumento de tarifas, o chamado “tarifaço”. Foi uma “bomba atômica” na economia mundial, que já vinha dando sinais de recuperação após o estrago causado pela pandemia da COVID-19. O dólar ficou parecendo o Rio Juruá, e as bolsas despencaram — um desconforto para as políticas econômicas em todo o planeta.

Atirou com um míssil de nêutrons na direção da China, com quem vem travando uma luta de titãs pelo controle do comércio mundial. A China, segunda maior potência econômica do mundo, reagiu e impôs também aumento nas tarifas sobre os produtos americanos. As consequências serão muito danosas! Só o tempo mostrará o quanto Trump fez uma campanha eleitoral baseada no alto estímulo emocional dos americanos: “MAKE AMERICA GREAT AGAIN” — em outras palavras, “me elejam e vamos tornar a América grande novamente”.

Até agora, isso não aconteceu, e ele amarga altos índices de desaprovação (52%). Apenas 36% aprovam — o que é pior — em quase 100% dos estados americanos. Pesquisa recente mostra o encolhimento da economia em 0,3% e a inflação em crescimento. Em vez de tornar a América grande novamente, as ações de Trump estão mais para: MAKE AMERICA SHRINK, pois, ao invés de crescer, o PIB encolheu nos primeiros 100 dias de seu governo.

*Professor José Melo, Ex-Governador do Estado do Amazonas

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