Parintins (AM) – Caprichoso e Garantido, os protagonistas do maior espetáculo folclórico a céu aberto do mundo, encantaram o público no Bumbódromo com narrativas potentes, visuais impressionantes e uma profunda reverência às tradições culturais e espirituais do Brasil no último dia da 58ª edição do Festival de Parintins 2025.
Caprichoso abre a noite com “Kaá-eté – Retomada pela Vida”
Com o tema “Kaá-eté – Retomada pela Vida”, o Boi Caprichoso levou à arena uma apresentação voltada à retomada dos povos originários e à força espiritual da floresta.
A performance foi marcada pela lenda de Waurãga, senhora da mata, que convoca os Kãkãnemas, espíritos protetores da natureza que habitam os corpos dos animais.
Entre os destaques, a cunhã-poranga Marciele Albuquerque foi ovacionada pelo público, enquanto a figura do Seringueiro da Amazônia homenageou os trabalhadores da extração do látex, com a participação especial de Ângela Mendes, filha do ativista Chico Mendes.
Encerrando o espetáculo, o Ritual de Cura Yawanawá, com alegoria assinada pelo artista Algles Ferreira, trouxe à arena a força espiritual e medicinal dos povos indígenas do Acre, destacando a importância da cura através dos saberes ancestrais.
O novo tripa oficial do boi azul, Edson Azevedo Júnior, destacou a emoção da estreia: “Foi espetacular. Uma emoção muito grande, carrego comigo um legado de família”.
Garantido encerra com o espetáculo “Boi do Povo, Boi do Povão”
Em seguida, foi a vez do Boi Garantido encerrar a disputa com o espetáculo “Garantido, Boi do Brasil”, parte do projeto maior “Boi do Povo, Boi do Povão”. A apresentação exaltou a diversidade cultural brasileira, com bois folclóricos de todas as regiões, ritmos variados e uma grande homenagem às raízes do país.
Entre os destaques, a alegoria da Deusa das Águas trouxe a Rainha do Folclore Lívia Christina em uma transformação impactante em yara. A cunhã-poranga Isabelle Nogueira liderou a celebração da força feminina indígena, com uma impactante transmutação em arara.
O momento mais emocionante foi o Ritual Bahsesé, conduzido pelo pajé Adriano Paketá e com alegorias gigantes criadas pelo artista Antônio Cansanção. A apresentação ainda marcou a despedida do histórico tripa Denildo Piçanã e homenageou o compositor Chico da Silva, autor da icônica toada “Vermelho”.
A figura típica regional exaltou as artesãs indígenas, destacando a mulher originária como símbolo de resistência cultural e preservação ambiental.
Expectativa pelo título movimenta torcedores
O universitário Matheus Lucas, torcedor do Caprichoso, expressou a emoção da noite:
“É grandioso. O Caprichoso faz um espetáculo”.
Já Carla Viegas, torcedora do Garantido, vibrou com o desempenho encarnado:
“O coração está a mil. Estamos com sangue nos olhos”.
A apuração dos votos acontece nesta segunda-feira (30), a partir das 14h, e definirá o grande campeão do 58º Festival de Parintins.
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Curiosidade
A palavra ‘Jamaxi’ vem de origem indígena. É conhecido como o cesto, no qual, os seringueiros carregavam suas mercadorias.