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Cotidiano

Caso Lucas Guimarães: 2 anos depois, família ainda aguarda julgamento, em Manaus

Fase atual do processo na justiça é de instrução e julgamento e não tem previsão para ocorrer

Caso Lucas Guimarães: 2anos depois, família ainda aguarda julgamento, em Manaus. Lucas Guimarães foi executado no dia 1º de setembro de 2021 – Foto: Arquivo Pessoal
Lucas Guimarães foi executado no dia 1º de setembro de 2021 – Foto: cedida pela família

O assassinato do sargento Lucas Guimarães, de 29 anos, completou dois anos no último dia 1° de setembro.

O militar foi executado a tiros dentro da sua cafeteira, na Zona Sul de Manaus. Segundo a polícia, o assassino foi contratado pelo marido da ex-amante de Lucas.

Em entrevista a jornalista Ana Kelly Franco, a mãe dele, Livânia Guimarães, e o pai, Marcelo Guimarães, falaram sobre a longa espera pela instrução e julgamento do caso.

Segundo o advogado da família, Arthur Cordeiro, a partir da denúncia dos envolvidos feita pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) no dia 11 de agosto de 2022, o processo passa por duas fases até à conclusão. A atual, primeira fase, é de instrução e julgamento, que julga a admissibilidade da acusação.

Depois vem a fase 2, a parte final que é o julgamento no tribunal, onde é julgada a procedência da ação e definição de penas ou absolvição dos acusados.

Angústia dos pais

Para a mãe são tempos de ansiedade para tentar aliviar parte do peso da perda do filho.

“A Justiça de Manaus tem cumprido seu papel. O processo atualmente se encontra em fase de espera para iniciar as audiências de instrução e julgamento. Estamos ansiosos para que a justiça designe logo esta data”, desabafou Livânia.

O pai lembra que o crime foi arquitetado com a participação de várias pessoas.

“É uma espera dolorosa, de impotência, de dor e sensação de falta de humanidade. Não foi um assassinato, foi uma execução que mobilizou várias pessoas”, comentou o pai da vítima.

A liberdade concedida aos envolvidos no crime é uma das situações que não ajuda na espera pela Justiça, segundo a mãe de Lucas. O sentimento da família é de indignação em relação aos réus Jordana Freire e Joabson Gomes, ex-amante e marido de Jordana, respectivamente.

“Saber que eles estão soltos, assim como o Romário, o mediador deste crime de mando, provoca muita dor na alma. Tudo é muito lento, o que causa mais sofrimento”, desabafou Livânia.

O pai de Lucas ressalta a não superação pela perda.

“Eu estou acabado, perdi um filho maravilhoso, que não era mau caráter, eu vivo cheio de saudade dele. Executaram ele, sabem que ele era pai de duas crianças. […] Eu não entendo o motivo dessa violência. Executaram ele friamente. Escolheram o assassino, houve todo o planejamento, estudaram a arma e as roupas. Deus não permitiu que passem ileso”, desabafou Marcelo.

 

Os pais de Lucas têm esperança de que todos os envolvidos sejam condenados pelo crime.

“São pessoas perversas de sentimentos ruins, prejudicaram para sempre a vida dos meus netos. Como reparar esse trauma? Como aliviar a minha dor, a do pai, do irmão? Eu fico me perguntando: se eles se resolveram como casal, por que mandaram matar meu filho?”, questiona Livânia.

A mãe lembra que a busca por justiça não é particularidade apenas da família.

“Muita crueldade dos dois e de todos os envolvidos neste crime, sete pessoas. Penso no meu filho 24 horas. Espero por justiça 24h, também. Manaus espera uma resposta juntamente com nossas famílias. A justiça vai parar este casal. Eles não decidem quem vai viver ou morreu. A vida é o nosso bem maior e supremo. Eles não sabem o significado da vida e do que é viver. Não respeitam o ser humano. Pessoas assim não são dignas de serem consideradas humanas”, declarou Livânia.

O pai de Lucas não contém o choro toda vez que fala sobre o filho. Ele diz que a dor aumenta quando está com o neto.

“Meu neto de 5 anos ainda pede para falar com o pai, isso é muito doloroso. Ele fica procurando o Lucas”, afirmou.

Denúncia dos réus

O inquérito policial foi encerrado em abril de 2022. Os sete envolvidos no assassinato do sargento Lucas Guimarães foram formalmente denunciados à justiça pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) no dia 11 de agosto de 2022.

Entramos em contato com o MP-AM e com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) para saber sobre o andamento do processo, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.

Joabson Agostinho e Jordana Freire foram denunciados como mandantes da execução. Os outros envolvidos são:

  • Romário Vinente Bentes. O gerente do supermercado de Joabson e Jordana foi denunciado por participar da contatação do pistoleiro;
  • Silas Ferreira da Silva foi denunciado por matar Lucas;
  • Kamylla Tavares da Silva, que teria ajudado Romário a entrar em contato com Silas;
  • Kayandra Pereira de Castro, que também teria ajudado no contato com Silas;
  • Kayanne Castro Pinheiro também teria ajudado no contato com Silas.
  • Joabson Agostinho, Jordana Freire e Romário Vinente Bendes estão em liberdade.
  • Continuam presos: Silas Ferreira da Silva, Kamylla Tavares, Kayandra Pereira e Kayanne Castro.

Inquérito policial

A polícia deflagrou a “Operação Lucas 8:17” no dia 21 de setembro, na qual apontou os supostos mandantes da execução do Lucas.

Na época, a delegada Marla Miranda, que iniciou as investigações, confirmou que havia um caso extraconjugal entre Lucas e Jordana Azevedo Freire, mulher do empresário Joabson Gomes, dono da rede de supermercados Vitória, em Manaus.

As investigações da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) apontam que Joabson descobriu a traição por meio do telefone celular da esposa. O relacionamento fora do casamento teria iniciado em dezembro de 2020.

Além de sargento do Exército, Lucas Ramon era dono da recém-inaugurada cafeteria em que foi morto, e proprietário de uma gráfica que prestava serviço ao supermercado. A vítima e Jordana se conheceram através de Joabson, que contratou os serviços gráficos de Lucas no final de 2020.

Por meio de mensagens de aplicativo de mensagem, o empresário também teria descoberto que Jordana desviou dinheiro do supermercado para Lucas.

Segundo a delegada, Jordana chegou a sofrer violência doméstica, mas não fez boletim de ocorrência. Lucas foi ameaçado pelo empresário.

A viúva do militar assassinado afirmou em depoimento à polícia ter visto envelopes com adesivos do supermercado sendo entregues na residência do casal. Ela soube da traição pouco antes da morte do marido.

Romário Vinente é gerente da rede de supermercados Vitória. Ele trabalha desde julho de 2017 na gestão da empresa de Joabson e foi preso em fevereiro de 2022, após investigações apontarem que ele intermediou a
contratação do pistoleiro que matou Lucas.

Relembre o caso

O empresário e militar Lucas Ramon, de 29 anos, foi assassinado com tiros na cabeça na noite do dia 1º de setembro de 2021.

O crime aconteceu em uma cafeteria localizada na Avenida Ayrão, próximo à Boulevard Álvaro Maia, no bairro Praça 14 de Janeiro, Zona Sul de Manaus.

A vítima era 3º sargento do Exército Brasileiro e estava na cafeteria, da qual era proprietário, quando Silas entrou no estabelecimento se passando por cliente, perguntou por Lucas e, em seguida, sacou uma arma e disparou contra a vítima.

Lucas ainda chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Santa Júlia, ao lado da cafeteria, mas não resistiu aos ferimentos e veio ao óbito.

 

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