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Vilão ambiental: descarte incorreto do óleo de cozinha na pia e ralos prejudica solo e redes de esgoto

Conheça iniciativas desenvolvidas por empresa e estudantes da rede pública de ensino para mudar esse cenário

Esterffany Martins por Esterffany Martins
31/10/2025
em Meio Ambiente
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Manaus (AM) – O que parece inofensivo aos olhos causa um impacto grande no meio ambiente. Usado pela maioria da população na preparação de alimentos, o óleo de cozinha, quando descartado de forma incorreta, torna-se um vilão para o meio ambiente. O descarte direto na pia, ralos ou lixo, por exemplo,  impacta na poluição de solos, rede de esgoto, prejudica o meio ambiente e um dos recursos mais preciosos para a vida: a água.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais  (Abiove), a capacidade de processamento de óleos vegetais é de 219.067 toneladas por dia no Brasil. Os dados multiplicados por 330 dias trabalhados têm a capacidade anual de cerca de 72,3 milhões de toneladas por dia.

A pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Marcela Amazonas, afirma que o óleo descartado de forma incorreta  pode contaminar e impermeabilizar o solo, entupir o sistema de esgoto e poluir até os lençóis freáticos.

“A média feita por estudos indica que cada litro de óleo jogado contamina até 20 mil litros de água. O custo para manter a rede de esgoto com águas contaminadas onera muito mais”, alerta a cientista.

Doutora em Biotecnologia, Marcela reforça que não há mais espaço para apenas conscientizar, é preciso agir e ter comprometimento de fato. 

“Jogamos fora o que pode virar insumo para novos processos e produtos e ainda pagamos taxas mais caras por essa falta de atitude”, ressaltou.

Para a coordenadora de Tratamento de Esgoto da concessionária Águas de Manaus, Tannia Mattos, hoje o óleo de fritura prejudica muito o processo de tratamento. O resíduo forma uma “crosta” dentro das tubulações, que, com o tempo, entope as redes e provoca extravasamentos em determinados pontos, podendo até retornar pela própria pia do morador ou afetar sua rede de esgoto. De forma lúdica, ela compara o processo ao funcionamento do coração, por exemplo,  no qual o excesso de gordura também pode levar a obstrução de veias e artérias.

“Quando a gente come muita fritura e gordura, isso é detectado no exame de sangue, que fala do aumento dos índices de gordura. Essas gorduras também acabam obstruindo nossas veias e artérias e, por consequência, a gente acaba tendo um infarto, se não tratado ou cuidado. Da mesma forma, funciona uma rede de esgoto, quando a gente lança muita gordura, muita fritura vai formando essa crosta que a gente não consegue ter passagem desse fluente, chega uma hora que ela estoura”, explicou.

Fritou? Agora, faça o descarte de forma correta! Fotos: Esterffany Martins/Agência JamaxÍ
A fritura acaba, mas a responsabilidade ambiental continua. Fotos: Esterffany Martins/Agência Jamaxí

Sustentabilidade e renda extra

Em Manacapuru (distante 98,8 km de Manaus), região metropolitana da capital amazonense, um projeto de iniciação científica júnior, desenvolvido na Escola Estadual José Mota, tem levado os estudantes a refletirem sobre o assunto e a investigarem alternativas sustentáveis para o descarte do óleo de cozinha.

Foto: Francisca Maria Pereira/Acervo pessoal

Batizado de “Gestão Sustentável do Óleo de Cozinha Usado: Alternativas para Redução de Impactos Ambientais e Geração de Renda”, a iniciativa coordenada pela doutoranda em Geografia e professora da Secretaria de Estado de Educação e Desporto, Francisca Maria Pereira, visa minimizar os impactos ambientais e promover ações socioeconômicas na comunidade escolar.

“Já faço o uso do óleo de cozinha e senti a necessidade de expandir o projeto para a comunidade escolar, para amenizar os impactos ambientais relacionados ao descarte impróprio do óleo de cozinha”, disse a professora.

 O projeto, que integra o Programa Ciência na Escola (PCE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), encontra-se, atualmente, na fase de coleta de dados. Os estudantes também já aprenderam  sobre a importância do uso de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) que são essenciais para a manipulação dos ingredientes, como fazer os cálculos para a quantidade de óleos e os outros materiais que serão utilizados.

Alunos do PCE-AM. Foto: Francisca Maria Pereira/Acervo pessoal

A iniciativa atuará na promoção da coleta seletiva, em parceria com cooperativas locais. Além disso, o projeto prevê o desenvolvimento de alternativas sustentáveis, como a produção de sabão artesanal, detergentes ecológicos, velas cosméticas artesanais, entre outros materiais. Os dados também subsidiarão uma campanha de conscientização ambiental junto à comunidade.

“Esperamos que os resultados possam contribuir, significativamente, para a conscientização ambiental da comunidade escolar e que esta tenha a oportunidade de conhecer as alternativas sustentáveis para o descarte e o reaproveitamento correto do óleo de cozinha usado.”

Produção de biodisel 

Em Manaus, medidas sustentáveis têm sido adotadas por empresas. Um exemplo é o trabalho desenvolvido pela empresa H2O Sustentável, com matriz em São Paulo e filial em Manaus, que atua no mercado ambiental há 25 anos e vem transformando a coleta de óleo de cozinha usado em ações sociais e de preservação ambiental.

Segundo o proprietário da empresa, Paulo Marusso, após os resíduos de óleo serem coletados, eles passam por um processo de beneficiamento para atingir um grau de pureza, conforme várias especificações. Somente assim esse resíduo de óleo estará apto a ser destinado às usinas de biodiesel espalhadas em determinadas regiões do Brasil.

“Todo volume de óleo de cozinha usado, coletado pela H2O Sustentável, tem como primeira etapa passar por um processo de beneficiamento, no qual são retiradas todas as impurezas e, após, é enviado para as usinas de biodiesel. A fabricação de biodiesel com resíduos de óleo de cozinha tornou-se viável por não gerar impacto ambiental, como ocorre com combustíveis de origem fóssil. Apenas as usinas realizam o processo de fabricação do biodiesel, devido às regulamentações exigidas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP)”, declarou.

Como posso ajudar a mudar esse cenário?

A população pode fazer a diferença e contribuir para mudar esse cenário fazendo a coleta do material e descartando de forma adequada em cooperativas que atuam com o resíduo.

A técnica em Edificações, Ariana Brandão, tem feito a sua parte para proteger o meio ambiente. Ela coleta todo o óleo usado na preparação dos alimentos e o armazena em garrafas PET.

Foto: Helbran Brandão

“Desde que fiquei sabendo que, quando se joga óleo pelo ralo, ele pode chegar aos rios e contaminar o solo, comecei a separar e fazer o descarte corretamente. É uma forma de ajudar o meio ambiente”, afirma Ariana.

Conforme a pesquisadora Marcela Amazonas, o óleo deve ser resfriado, coado e armazenado. O resíduo pode ser utilizado para fazer resinas, ração, biodiesel e sabão.

“Qualquer uso de resíduo precisa iniciar com o descarte prudente: reduzir o uso, colocar separado e em recipiente apropriado e destinar para quem vá usá-lo. A economia circular já movimenta mais de R$10 bilhões e gera mais de 200 mil empregos. Qualquer resíduo descartado contamina o ecossistema e tira a oportunidade de gerar emprego e renda a um sistema pulsante e demandante, cada vez mais urgente, quanto em aspectos sociais, ambientais e econômicos”, finalizou a pesquisadora.

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*Esta matéria jornalística é protegida pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais no Brasil. A reprodução total ou parcial deste conteúdo, por qualquer meio, sem a devida autorização expressa do autor, é proibida e pode resultar em sanções civis e criminais. Todos os direitos reservados.

Tags: Agência JamaxiagenciajamaxiÁguas de ManausAmazonasDestaquesManausNotíciasReportagens Especiais
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