Manaus (AM) – Descontaminar toxinas e fungos da castanha-do-Brasil através da luz Ultravioleta (UV) por intermédio de uma máquina criada especificamente para isso é o objetivo do projeto “PLUS – Gestão da Produção e Qualidade da castanha-do-Brasil”.
A iniciativa, fomentada pelo Programa Inova Amazônia-Módulo Tração, Edital Nº 001/2023, tem como objetivo realizar a análise e inspeção de qualidade, descontaminação e banho biológico da castanha-do-Brasil para beneficiar o extrativismo amazônico e potencializar a venda do fruto para outros países.
Para o coordenador do projeto e CEO da startup de Inteligência Artificial, Rufo Paganini, a ideia para o projeto surgiu após verificar que as comunidades têm grandes desafios de manter os padrões de qualidade na extração do fruto na floresta Amazônica.
“Nós estamos trazendo alta tecnologia para a floresta com o objetivo de mantê-la em pé, além de cuidar das pessoas que nela habitam”, comentou Rufo Paganini.
Segundo ele, a Bolívia é o país que domina as vendas da castanha-do-Brasil no mercado europeu (74%) e norte-americano (94%).
Empresas bolivianas adquirem do Brasil a castanha com cascas, fazem o beneficiamento e comercializam para outros países com uma margem de lucro muito maior do que a feita no Amazonas.
A qualidade da castanha do Amazonas não tem atendido aos requisitos de países americanos e europeus por conta da existência das toxinas, Aspergillus Flavus e Aspergillus Parasiticus, que comprometem a qualidade do fruto.
Purificação
A plataforma criada pela startup faz o tratamento biológico da castanha, ou seja, é uma espécie de banho biológico de UV.
Dentro da máquina, que está em desenvolvimento, há diversas luzes que auxiliam na purificação e protegem a castanha-do-Brasil biologicamente. A ação também evita futura contaminação do fruto.
Além do mais, parte do desenvolvimento do projeto tem o financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
E investimento próprio, além do suporte da Fapeam e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Após a conclusão da criação da máquina, a empresa pretende aplicar o ‘banho biológico’ em outros frutos do extrativismo amazônico.
Atualmente, a startup trabalha com uma usina de beneficiamento das castanhas no município de Tapauá (distante a 449 km de Manaus).
O projeto também realiza a validação da qualidade desse fruto, através de uma parceria com o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA).
Ademais, os laboratórios inspecionam, validam e geram dados para a certificação do fruto das usinas do Amazonas, habilitando-as para as necessidades do mercado internacional.
“Nosso projeto prevê produzir uma castanha de maior qualidade e certificá-la, habilitando os extrativistas amazonenses a exportarem para diversos países”, disse Rufo Paganini.
Ao ampliar a qualidade do produto, a empresa garante a sobrevivência de comunidades tradicionais ao gerar maior qualidade social e econômica dessas famílias.
Além disso, a perspectiva no longo prazo é expandir a descontaminação para outros biomas amazônicos e outras usinas.
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Curiosidade
A palavra ‘Jamaxi’ vem de origem indígena. É conhecido como o cesto, no qual, os seringueiros carregavam suas mercadorias.