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O desafio de Samuel: a infância com Diabetes Tipo 1

A Diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca e destrói as células beta do pâncreas, responsável pela produção de insulina.

Ana Kelly Franco - Agência Jamaxí por Ana Kelly Franco - Agência Jamaxí
17/08/2025
em Amazonas
O desafio de Samuel: a infância com Diabetes Tipo 1

Monitoramento da glicemia verificar os níveis de açúcar no sangue no Samuel no hospital. Foto: Arquivo pessoal e cedido por Andrea Vale.

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Manaus (AM) – Samuel Vale, com seus seis anos e um sorriso no rosto, não está apenas preocupado em estudar e brincar, a sua realidade hoje é diferente de 90% da população brasileira. Diagnosticado com Diabetes Melito tipo 1 (DM1), sua rotina é regida por picadas de dedo, contagens de carboidratos e monitoramento remoto da glicemia.

O diagnóstico aconteceu em novembro de 2024, durante um exame de rotina. Samuel, que estava acompanhado de seu pai, quase desmaiou durante a coleta de sangue. O enfermeiro, ao perceber os sintomas, fez o teste de glicemia, que constatou que a concentração de glicose no sangue era de 295 mg/dL (miligrama por decilitro), uma hiperglicemia altíssima.

Ao saberem do resultado, os pais de Samuel correram para o pronto-socorro, que foi atendido rapidamente na área de emergência. Os profissionais aplicaram soro e insulina, foram sete dias de internação para realização de exames para confirmar que Samuel era portador da doença autoimune: Diabetes Tipo 1.

Médico clínico da Unidade de Saúde da Família Walid Aziz, em Manaus, Dr. Wagner Elisiario Monteiro, destaca que a DM1 é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca e destrói as células beta do pâncreas, que é responsável pela produção de insulina.

“O DM1 costuma surgir na infância ou adolescência, com sintomas rápidos e intensos: sede excessiva, urinar muito, perda de peso rápida, fome exagerada, cansaço e visão turva. Por isso, a principal forma de diagnóstico é o diagnóstico precoce, feito em consultas e exames de rotina, como glicemia de jejum e hemoglobina glicada”, informa o Dr. Wagner Monteiro.

De acordo com os dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), assim como Samuel, entre janeiro a junho deste ano, 69 atendimentos de crianças de 0 a 12 anos com DM1 foram realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) na capital amazonense. De 2023 até junho deste ano, foram 314 atendimentos de DM1 somente para essa faixa etária.

Já os números de atendimentos individuais com usuários de todas as faixas etárias que são insulinodependentes subiram de 22.494 em 2023 para 30.126 em 2024. Os atendimentos de janeiro a junho deste ano já ultrapassam a metade dos atendimentos em 2025: 16.570.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa), a maioria dos diagnósticos de diabetes do Tipo 1 e do Tipo 2 na capital ocorre entre mulheres e idosos entre 60 a 79 anos.

De acordo com o Relatório Anual de 2024 divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (SES), 185 mil pessoas vivem com diabetes no estado, sendo 114 mil somente na capital.

Impacto e mudanças

O impacto emocional da descoberta da doença foi grande na família. Os pais de Samuel ficaram abalados com o diagnóstico e tiveram que fazer algumas mudanças para que o filho pudesse conviver com a doença da melhor forma.

“A rotina de Samuel e de sua família se transformou após o diagnóstico. Eles mudaram de bairro para ficar mais perto da escola de Samuel. Os pais começaram a estudar mais sobre a doença e aprenderam a medir, pesar e contar cada grama de alimento que o filho consome. Tudo é calculado: carboidratos, gorduras e proteínas. Além de fazer a medição da glicose e aplicação de insulina”, revela Andrea Vale.

Sensor de monitoramento no braço de Samuel. Foto: arquivo pessoal da Andrea Vale.

Para conseguir monitorar a doença, Samuel usa um sensor no braço, conectado via bluetooth a um celular exclusivo para verificar a glicemia. O custo do tratamento contínuo é alto, cerca de R$ 1.000 por mês só com insumos (canetas de insulina, tiras para o medir a glicose), o valor pode chegar a R$ 5 mil, dependendo do sensor e da quantidade que teste que fazem por dia.

Samuel aceitou bem o tratamento. Inclusive, às vezes pede para aplicar a insulina. Ele entendeu rápido o processo desde sua internação no hospital, lá ele ganhou até um livro contando um pouco da história dele e da doença.

“Ele é uma criança fantástica e contribuiu em tudo no tratamento”, comentou Andrea Vale.

Adaptação

O apoio da escola foi essencial para Samuel e sua família. Os professores e colegas aprenderam e compreendem que ele precisa comer fora de hora, que usa um sensor no braço e às vezes precisa tomar ‘injeção’ antes de comer com os amiguinhos.

Vale destaca que um dia, Samuel voltou para casa com jujubas e balas que um amigo guardou “para o caso de ele passar mal”.

O humor e a intensidade das brincadeiras também interferem nos níveis de glicose no sangue.

“Ele brinca com os amigos, mas temos que estar sempre monitorando quando ele está fazendo um esporte. Quando Samuel estava no Jiu-jitsu, a glicemia dele baixou, e tive que correr para pedir para a professora levar um bombom para ele segurar esse tempinho que ainda falta para terminar a aula”, revelou Andrea Vale.

Para se adaptar à nova rotina, a família de Samuel teve que mudar toda a alimentação, com o acompanhamento de um nutricionista, que também é diabético Tipo 1, que montou um plano alimentar que ajuda no tratamento.

“Aprendi a fazer receitas da dieta Low Carb , que reduzem o impacto na glicose, mas não eliminam totalmente a elevação da glicemia, mas comidas que criança gosta como bolo de chocolate, pão de queijo e pizza”, disse.

Com uma rotina diferente da maioria das crianças por conviver com o DM1, Samuel mostra que é possível levar uma vida incrível, cheia de energia, coragem e inspiração. Foto: arquivo pessoal da Andrea Vale.
Com uma rotina diferente da maioria das crianças por conviver com o DM1, Samuel mostra que é possível levar uma vida incrível, cheia de energia, coragem e inspiração. Foto: arquivo pessoal da Andrea Vale.

Mito

Andrea Vale explica que o mito mais comum que as pessoas acreditam é que a doença está ligada ao consumo excessivo de açúcar.

“Quando falam em Diabetes Tipo 1, as pessoas dizem logo parar de comer doce, mas não tem nada a ver com doce. Não é uma doença adquirida, você nasce com ela”, destaca a mãe do Samuel.

Mães pâncreas

A rotina de quem vive para controlar a doença nos filhos é exaustiva, e tem seus desafios diários. Todos os dias, “eles têm a vida de seus filhos em suas mãos”. Eles monitoram se há alta ou queda de glicose.

Ao descobrirem o diagnóstico, a mãe se torna ‘mãe pâncreas’, termo usado em grupos de apoio para descrever pais e mães que, na prática, assumem o ‘papel’ do órgão dos filhos.

“Nós, mães pâncreas, temos como missão não poder desistir. A missão de fazer com que os nossos filhos cheguem aos 80 anos, aos 90 anos, de fazer com que os nossos filhos vão para o mercado de trabalho, e com que eles não tenham nenhuma complicação”, relata. Ela deixa uma mensagem para as mães de crianças com DM1.

Samuel com os pais. Foto: arquivo pessoal da Andrea Vale

“Estudem, estudem porque não tem como a gente ter uma criança com diagnóstico e não entender o mínimo sobre a doença. Essa doença é muito traiçoeira, é muito difícil. Eu estou fazendo um curso de educação em diabetes e, mesmo assim, eu fico ruim. Mesmo assim, tem hora que eu não sei como fazer, como lidar”, finalizou.

Tratamento e legislação

O tratamento da diabetes em Manaus pode ser realizado na Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima, onde o paciente passa por exames e recebe acompanhamento de médicos, enfermeiros e nutricionistas. Além de poder retirar gratuitamente lancetas, fitas, insulinas NPH e Regular, além de seringas de insulina.

Familiares de pacientes do DM1 destacam que insulinas como a Lantus e a Lispro, têm resultados mais eficazes. Essas, podem ser solicitadas junto à Secretaria de Estado de Saúde (SES) com laudo de endocrinologista infantil.

“Samuel levou seis meses para acesso às insulinas análogas, elas são muito melhores”, afirma a mãe de Samuel.

Uma luta das famílias com DM1 é inclusão da doença no Estatuto da Pessoa com Deficiência, que garantiria os pacientes direitos e facilitaria o acesso a sensores que monitoram a glicemia. Porém, o Projeto de Lei (PL) 2687/22, aprovado pelo Senado em 2023, foi vetado em janeiro deste ano.

Dados de óbitos no Amazonas

Segundo o levantamento da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), Manaus lidera o ranking, com 5.031 mortes.

Outros municípios com mais mortes no estão são: Parintins (185), Itacoatiara (146), Manacapuru (123), Tabatinga (70), Humaitá (60) e Iranduba (60).

Já o Relatório Anual de 2024 divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), as doenças endócrinas nutricionais e metabólicas ocuparam o 6º lugar em casos de mortalidade em 2023, com 1.494 óbitos, sendo a diabetes mellitus a principal causa, com 1.217 registros.

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Tags: Agência JamaxiagenciajamaxiAmazonasDestaquesDiabetesDM1DoençaGlicemiaGlicoseManausNotícias
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