Agência Jamaxi
Meio Ambiente

Mais de 1,5 milhão de moradores ficaram sem acesso à coleta de esgoto em 2022 em Manaus

Cerca de 73,9% dos moradores em Manaus não possuem acesso à coleta de esgoto, e apenas 21,8% do esgoto gerado foi tratado em 2022

Mais de 1,5 milhão de moradores ficaram sem acesso à coleta de esgoto em 2022 em Manaus
Água após tratamento na ETE da Timbiras no bairro Cidade Nova. (Foto: Ana Kelly Franco)

Manaus (AM) – Em 2022, mais de 1,5 milhão de moradores de Manaus ficaram sem acesso à coleta de esgoto, o que representa 73,9% da população. Apesar de avanços lentos, especialmente em áreas vulneráveis como palafitas, apenas 21,8% do esgoto gerado foi tratado. Os dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e do o Painel Saneamento Brasil do Instituto Trata Brasil.

No mesmo ano, Manaus registrou um volume de 78.844,46 mil metros cúbicos de esgoto não tratado, conforme o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Confira outros dados:

 

 

Expansão do atendimento de esgoto

O programa Trata Bem Manaus irá expandir rapidamente o acesso ao serviço de esgoto na cidade, com base em estudos sobre a geografia e os corpos hídricos locais.

A solução proposta é a criação de microbacias. Com investimentos de cerca de R$ 2 bilhões até 2033, o programa busca melhorar o sistema de esgoto da cidade de forma eficaz.

Em 2022, a concessionária instalou redes de esgoto no Beco Nonato, no bairro Cachoeirinha, beneficiando cerca de 900 pessoas que viviam em condições precárias.

De acordo com Semy Ferraz, gerente de Responsabilidade Social da Águas de Manaus, “o modelo já está sendo expandido para outras áreas com as mesmas características, como Rip Rap Duque de Caxias, J Carlos Antony, Beco União, Rip Rap Parintins e Beco Tarumã”.

Área de igarapé do Campo Dourado recebe infraestrutura de esgotamento. Foto: Divulgação/Águas de Manaus
Área de igarapé do Campo Dourado recebe infraestrutura de esgotamento. Foto: Divulgação/Águas de Manaus

 

Ao todo, mais de 2,4 mil metros de redes coletoras foram instalados nessas áreas, com 440 novas ligações beneficiando mais de duas mil pessoas.

Desde que começou a operar em Manaus, a Águas de Manaus aumentou a cobertura de coleta de esgoto de 19% para 31%.

Isso significa que mais de 773 mil pessoas agora têm acesso à rede de esgoto, contra 419 mil em 2018.

“A gente está passando por um aumento de cobertura. Hoje estamos com 30% da cidade atendida, mas ainda temos 70% sem acesso à nossa rede de esgoto”, explica Semy Ferraz.

O especialista em Saneamento Básico, Carlos Augusto, também destacou os obstáculos para alcançar a universalização.

“Vemos como principal desafio a universalização do esgotamento sanitário, uma vez que a capital amazonense está próxima de apenas 30% de cobertura. Por ser uma cidade permeada por leitos d’água, temos um relevo desafiador, com muitos fundos de vale, demandando soluções de engenharia para o transporte de esgoto. Atrelado a isso, temos que conscientizar a população para que façam sua interligação na rede coletora de esgoto, desconectando da rede de drenagem pluvial.”

Até 2033 o serviço de coleta e tratamento de esgoto estará universalizado na capital amazonense. (Foto: Divulgação/Águas de Manaus)
Até 2033 o serviço de coleta e tratamento de esgoto estará universalizado na capital amazonense. (Foto: Divulgação/Águas de Manaus)

Expansão em 2024

O plano da concessionária é expandir o serviço até 38% de cobertura até o final de 2024, com a construção de mais estações de tratamento de esgoto (ETE) e ampliação das já existentes, como Timbiras e Educandos.

Semy Ferraz enfatiza: “Vamos ampliar a capacidade tanto da ETE Timbiras quanto da Educandos. A ETE Raiz está sendo construída em etapas e será uma das maiores da região”.

Carlos Augusto também reforça a importância de adequar o crescimento da infraestrutura à realidade urbana da cidade.

“A ocupação habitacional em Manaus cresceu desorganizadamente, portanto não há ETEs de grande porte setorizadas. Ainda temos áreas com grande densidade demográfica em regiões com relevo acidentado, com imóveis abaixo do greide final da via, demandando grande quantidade de estações elevatórias e soluções para o transporte de esgoto.”

Impacto na saúde pública e no meio ambiente

A falta de esgotamento sanitário adequado afeta diretamente a saúde da população.

“Doenças de veiculação hídrica, como verminoses, diarreia e hepatite, impactam na saúde da população, onerando os gastos públicos e afastando crianças das escolas e, muitas vezes, seus cuidadores do ambiente profissional formal. É notável também o mau odor em algumas vias e regiões da cidade, pelo despejo de esgoto bruto nos igarapés”, explica Carlos Augusto.

O mau uso das redes de esgoto, como o descarte inadequado de resíduos sólidos, também representa um desafio.

Mensalmente, são retiradas cerca de 50 toneladas de lixo do sistema de esgoto de Manaus.

“É importante que a população entenda que o descarte correto dos resíduos ajuda a evitar problemas no tratamento do esgoto e na manutenção das redes”, destaca Semy Ferraz.

Carlos Augusto acrescenta que “somente com a separação total entre esgoto e drenagem pluvial teremos a recuperação dos leitos de rios e igarapés, garantindo a saúde hídrica da nossa região”.

Ele também defende que parcerias público-privadas podem ser a chave para acelerar a universalização.

“Acredito que as iniciativas de parceria público-privada são um bom caminho para encontrar soluções de investimento rentáveis e com tarifas razoáveis para a população.”

Sustentabilidade e novas tecnologias

Carlos Augusto salienta que, além de ampliar a rede de esgoto, é crucial incorporar princípios de sustentabilidade em cada projeto, visando minimizar os impactos ambientais das intervenções.

“Buscamos aliar soluções viáveis técnica e economicamente, como o reuso do material escavado em valas, o descarte correto dos resíduos e a setorização de água, com adoção de mínima noturna e zonas de pressão média.”

Ele também comentou sobre a importância de adotar tecnologias inovadoras para melhorar o esgotamento.

“Para o esgotamento, buscamos a adoção de til condominial, que possibilita a ligação dupla domiciliar e a automatização dos sistemas para evitar extravasamentos.”

Tratamento do esgoto

A água que é devolvida para os igarapés após o tratamento passa por uma série de testes  para garantir sua qualidade e segurança.

Os testes são para garantir que o esgoto tratado não cause impacto negativo ao meio ambiente e à saúde pública.

Primeira etapa de nova Estação de Tratamento de Esgoto na Ponta Negra (Foto: Divulgação/Águas de Manaus)
Primeira etapa de nova Estação de Tratamento de Esgoto na Ponta Negra (Foto: Divulgação/Águas de Manaus)

Entre os principais parâmetros analisados estão:

  • Condutividade: Mede a capacidade da água de conduzir eletricidade, o que pode indicar a presença de substâncias dissolvidas.
  • Materiais flutuantes: Verifica a presença de partículas que ficam na superfície da água.
  • Oxigênio Dissolvido (OD): Avalia a quantidade de oxigênio disponível na água, essencial para a vida aquática.
  • pH: Mede a acidez ou alcalinidade da água, importante para manter o equilíbrio do ecossistema aquático.
  • Temperatura: Controla a temperatura da água para evitar riscos de contaminação e impactos na fauna e flora.
  • Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): Avalia a quantidade de oxigênio consumida por microrganismos, indicando a eficiência do tratamento.
  • Demanda Química de Oxigênio (DQO): Mede a quantidade de oxigênio necessária para a degradação química de materiais orgânicos.
  • Sólidos Dissolvidos: Verifica a quantidade de minerais e outros constituintes presentes na água.
  • Sólidos Sedimentáveis: Indica a presença de partículas que se depositam no fundo, ajudando a identificar a poluição.
  • Turbidez: Avalia a clareza da água e pode indicar a presença de patógenos e contaminantes.

* Esta matéria jornalística é protegida pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais no Brasil. A reprodução total ou parcial deste conteúdo, por qualquer meio, sem a devida autorização expressa do autor, é proibida e pode resultar em sanções civis e criminais. Todos os direitos reservados.

Curiosidade

A palavra ‘Jamaxi’ vem de origem indígena. É conhecido como o cesto, no qual, os seringueiros carregavam suas mercadorias.

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