Novembro começou inédito para os apaixonados pela aurora boreal. Desde o início do mês, moradores e viajantes no Ártico relatam a visualização da “aurora sangue ”, uma aurora boreal raríssima, intensa, em tom de vermelho vivo.
Entre os privilegiados está o curitibano Marco Brotto, que liderava sua 131 expedição pelo Norte da Finlândia neste exato período. Os participantes da caçada de Brotto puderam contemplar a rara aurora vermelha, também vista em regiões da Itália e da Romênia, onde dificilmente são visualizadas.
A aurora boreal vermelha, embora mais rara do que suas contrapartes de tonalidades verde, rosa e roxa, ocorre devido a algumas variações importantes na atmosfera terrestre. Em geral, as auroras são resultado da interação de partículas provenientes do vento solar com a atmosfera da Terra.
“No caso da aurora vermelha que visualizamos, houve o rompimento de um filamento gigantesco no sol. Esse filamento fica ancorado pelas suas duas pontas e, por um motivo natural, de concentração de plasma, pressão e movimentação do sol, ele rompeu e fez um chicote, causando uma ejeção de massa coronal igualmente gigantesca”, explica Brotto.
O especialista detalha que esse fenômeno enviou uma enorme quantidade de prótons e elétrons ao campo magnético da Terra, que se abriu. Então, a “queima” de todo esse material aconteceu numa altura maior do que o comum, gerando a tonalidade vermelha. Pela altura que aconteceu pode ser vista em locais mais ao sul do hemisfério Norte .
“É como se o universo tivesse jogado ‘muita pólvora’ numa fogueira. Essa analogia explica bem o que aconteceu”, diz o especialista, que já vinha estudando esse filamento solar desde antes do rompimento e vivia a expectativa do fenômeno.
Segundo Brotto, o vermelho visualizado se assemelha a uma grande luz de freio automotivo no céu. “Sem dúvida, essa foi a maior tempestade do ciclo solar atual , porém essa atividade não tem relação com o pico do ciclo que ainda não sabemos se atingiu o seu máximo ”, avisa.
As cores que cada pessoa vê a aurora sempre causa surpresa. “ Algumas pessoas conseguem ver o verde já de início, além das outras cores. Outra necessitam da nossa ajuda e de algumas dinâmicas que auxiliam a primeira observação. “
Brotto explica que cada pessoa tem uma condição visual específica. Segundo ele, alguns têm mais ou menos capacidade de enxergar certas cores. Isso está relacionado ao funcionamento de cones, bastonetes, entre outros fatores que compõem a nossa visão.
“Captar a beleza de uma aurora vermelha demanda não apenas a ocorrência rara desse espetáculo natural, mas também a capacidade de perceber sutilezas de cor que desafiam nossa visão”, relata ele.
Nesta expedição da Marco Brotto Expeditions, estava uma criança de 13 anos que foi a primeira a conseguir visualizar a cor vermelha no céu. Só depois de algum tempo todos conseguiram ver também. “Foi a primeira vez que vi um vermelho tão forte, cor de sangue, brilhante”, frisa Brotto.
“A cada expedição e a cada contato com a aurora, tenho ainda mais certeza de que o ser humano tem muitas descobertas e entendimentos pela frente. Temos que compreender melhor o nosso papel neste planeta e evoluir como parte dele”, emociona-se.
*com informações Agência Souk
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