Em 30 de novembro de 2024 publiquei esta matéria. Agora, com a aproximação das eleições gerais — para governador, senador e deputados — vejo os políticos insistirem na mesma tecla, que até hoje não produziu resultados concretos.
A grande imprensa permanece calada diante da devastação ambiental promovida historicamente pela Europa, pelas Américas e pela África, devastação essa que impulsionou a riqueza dos países hoje desenvolvidos. No entanto, quando se trata do Amazonas — com seus 97% de floresta em pé, que sequestra anualmente cerca de 55 bilhões de dólares em carbono — o discurso é outro: exigem que permaneçamos como uma “virgem intacta”, impedidos até mesmo de romper nosso isolamento com uma simples ligação rodoviária que nos une ao restante do Brasil — a tão falada BR-319.
É uma luta sem quartel. Nós, aqui, defendemos sua pavimentação e reativação. Enquanto isso, o resto do Brasil, o mundo, a grande mídia e até membros do alto escalão do governo federal se colocam contra.
É como se, na contabilidade da União, a BR-319 fosse “disponível no passivo”.
As cifras envolvidas nessa “manutenção” são estratosféricas, com um número interminável de empresas beneficiadas por essa verba recorrente. E o cenário se repete ano após ano: poeira e buracos no verão, atoleiros e valas no inverno, e pontes desabando aqui e ali.
Para asfaltar e concluir as obras de arte (pontes, drenagens, etc.) do trecho central da rodovia (entre os km 250 e 655), seriam necessários mais de R$ 1,5 bilhão. E isso sem considerar os outros trechos, já que a BR-319, desde o quilômetro zero às margens do rio Amazonas até seu término no estado de Roraima, possui 885 km de extensão.
O que ninguém diz — ou não quer dizer — é: de onde virá todo esse dinheiro para o asfaltamento completo da BR-319 e suas obras de infraestrutura? E mais importante: quando virá a vontade política para tornar isso realidade?
Precisamos de um ato de coragem do Presidente da República; estamos cansados de ser enganados com promessas e engodos políticos só para “inglês ver”. Do contrário, a BR319 continuará sendo:
- Um filão lucrativo para poucos, que ganham muito dinheiro com sua
- Manutenção” ao longo de sua existência. Estamos falando de mais de 800 milhões de reais já gastos;
- Um tema recorrente em campanhas eleitorais, usado por políticos como promessa fácil, sem compromisso real com a execução.
Professor José Melo, ex-governador do Estado do Amazonas
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Curiosidade
A palavra ‘Jamaxi’ vem de origem indígena. É conhecido como o cesto, no qual, os seringueiros carregavam suas mercadorias.