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Relatório de peritos aponta “violações terríveis dos direitos humanos” no Sudão

Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos pede “força imparcial” para proteger civis no país africano

Relatório de peritos aponta “violações terríveis dos direitos humanos” no Sudão. Foto: Mohamed Khalil
Os especialistas também pediram um alargamento do embargo de armas em vigor na região de Darfur Ocidental para todo o país. O argumento é que os combates Foto: Mohamed Khalil

Nova Iorque (EUA) – A Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos para o Sudão pediu nesta sexta-feira que seja enviada sem demora uma “força independente e imparcial” ao país e alargado o embargo de armas para proteger civis no conflito.

O primeiro informe dos especialistas mandatados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU indica que as partes envolvidas cometeram “violações terríveis de direitos humanos e crimes internacionais”.

Vários desses delitos podem ser considerados “crimes de guerra contra a humanidade”, destaca o documento.

Estupro e outras formas de violência sexual

Os confrontos envolvem as Forças Armadas Sudanesas, SAF, e as Forças de Apoio Rápido, RSF, desde abril de 2023.

A guerra matou dezenas de milhares de pessoas, deslocou milhões e deixou até 25 milhões de sudaneses em situação de fome severa.

Milícias espalharam mortos e feridos pelas ruas de El-Geneína e na estrada para o Chade.

182 entrevistas com sobreviventes, seus familiares e testemunhas formaram a base do relatório de 19 páginas.

De acordo com o informe, tanto as SAF quanto as RSF têm responsabilidade por ataques a civis “por meio de estupro e outras formas de violência sexual, prisão e detenção arbitrárias, bem como tortura e maus-tratos”.

A equipe de três membros disse ter encontrado provas de ataques aéreos “indiscriminados” e bombardeios contra alvos civis, incluindo escolas e hospitais, bem como suprimentos de água e eletricidade.

A série de episódios expostos inclui relatos de corpos de mulheres e crianças encontrados entre vítimas de tiros a veículos enquanto fugiam.

Durante a violência houve milhares de mortos e feridos espalhados pelas ruas da cidade de El-Geneína e na estrada para o Chade.

Casos de estupro em larga escala em todo o Sudão

Paramilitares e milícias aliadas também roubaram, queimaram ou destruíram e bombardearam bairros.

Registros de violência sexual e de gênero, em particular o estupro individual e coletivo, são generalizados e em larga escala em todo o Sudão.

As vítimas desses atos incluem meninas de até oito anos ou mulheres com 75 anos.

Ativistas, jornalistas e profissionais de saúde também foram alvos de violência sexual, aparentemente em represália por exercerem suas atividades.

Entre os “inúmeros crimes contra a humanidade” alegadamente cometidos pelas RSF e milícias aliadas estão “assassinato, tortura, escravidão, estupro, escravidão sexual, outra violência sexual de gravidade comparável, perseguição com base em segmentação étnica e de gênero e deslocamento forçado”.

Episódios expostos incluem relatos de corpos de mulheres e crianças encontrados entre vítimas de tiros a veículos enquanto fugiam. Durante a violência
© Unicef/Shehzad Noorani
Episódios expostos incluem relatos de corpos de mulheres e crianças encontrados entre vítimas de tiros a veículos enquanto fugiam.
Os especialistas também pediram um alargamento do embargo de armas em vigor na região de Darfur Ocidental para todo o país. O argumento é que os combates cessariam “assim que o fluxo de armas parasse”.

Justiça seletiva e falta de imparcialidade

O apelo aos envolvidos é que acabem de imediato com a canalização de armas, munições e outros apoios para qualquer lado.

Os peritos solicitaram ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que exija total cooperação das autoridades sudanesas e que estas entreguem todos os indiciados, incluindo o ex-presidente Omar al-Bashir, deposto em 2019.

Além disso, o relatório afirma que as autoridades sudanesas não investigaram nem levaram os responsáveis ao tribunal por crimes internacionais de maneira adequada.

Essas ações foram “manchadas por uma falta de disposição caracterizada por justiça seletiva e falta de imparcialidade”.

A especialista Mona Rishmawi disse que o informe deve servir “como um chamado para a comunidade internacional tomar medidas decisivas para apoiar os sobreviventes, suas famílias e comunidades afetadas, e responsabilizar os autores.”

 

Fonte: ONU News

Curiosidade

A palavra ‘Jamaxi’ vem de origem indígena. É conhecido como o cesto, no qual, os seringueiros carregavam suas mercadorias.

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