Manaus (AM) – O padre Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, recentemente, nomeado bispo auxiliar para a arquidiocese de Manaus, pelo papa Francisco, afirmou que ninguém pode dizer que uma pessoa morreu por falta de atendimento médico adequado, foi por “vontade de Deus”, se referindo à falta de medicamentos e a demora para tratar os pacientes pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-AM).
A afirmação do novo bispo auxiliar de Manaus foi durante a homilia no domingo (26) na Catedral Metropolitana de Manaus. O monsenhor relatou que foi fazer visita aos doentes e se deparou com condições inadequadas na unidade hospitalar, por falta de alimentos, remédios e atraso nos salários dos profissionais de saúde.
Confira neste link a missa que foi transmitida https://www.facebook.com/catedraldemanaus/videos/887805099665533
O padre fazia a explicação do evangelho de Mateus, onde afirma que “quando o Filho do Homem vier em sua glória”, vai separar os “malditos” dos “justos” por fazerem bem ao próximo. “Eu estava doente e cuidastes de mim”, diz o trecho da Bíblia. Hudson comparou a situação nos hospitais com o que dizia o texto.
Hudson disse que na luta do mundo por justiça, por paz e por dignidade, é preciso atacar as consequências, mas cuidar, também, das causas: o que está levando as pessoas a tanto sofrimento, a tanta privação.
“Ontem fui atender alguém doente, no hospital, daqui da cidade, público, eu fiquei mais uma vez abismado com a situação de saúde deste Estado. Profissionais com salários atrasados, de meses, cooperativas que não recebem, ausência de alimentação para profissionais, ausência de alimentação para acompanhantes, ausência de medicamento, e todo mundo diz que tá tudo muito bem na Saúde do Estado. Não está!”, afirmou o bispo auxiliar.
“As pessoas morrem há meses esperando, e a gente simplesmente não pode dizer ‘é o anjo de Deus que voltou pro céu’ porque é a vontade de Deus que chegou a sua hora. Não é vontade de Deus que as pessoas morram desse jeito. Nunca foi vontade de Deus que as pessoas morressem, privadas dos direitos que elas têm, garantidas pela Constituição”, voltou a afirmar o padre.
O bispo disse que não é uma questão que chegou a hora da morte, mas sim, “negação, “negligência”, “omissão”, no momento em que os cidadãos foram atendidos sem dignidade.
Em seguida, o religioso chamou a atenção da comunidade, para que o cristão não se cale quando a vida das pessoas seja atacada na sua dignidade. Hudson também falou da poluição causada pelas queimadas, que deixou Manaus e a Região Metropolitana com a pior qualidade do ar.
Não podemos ficar calados, tentando respirar, graças a Deus começou a chover, o ar irrespirável que se tornou essa cidade com tantas queimadas”, concluiu.
Quem é o monsenhor Joaquim Hudson
O padre Joaquim Hudson de Souza Ribeiro é pároco da catedral. Ele será titular de “Macri” e auxiliar na arquidiocese de Manaus. A Presidência da CNBB saudou o bispo eleito. Natural de Parintins, padre Joaquim Hudson tem formação no Seminário Arquidiocesano São José, em Manaus. Os estudos de Filosofia e Teologia foram no Centro de Estudos do Comportamento Humano. Padre diocesano, foi ordenado em 12 de outubro de 1999.
Na arquidiocese de Manaus, assumiu funções de pároco de quatro Paróquias, é conselheiro e possui graduação em Psicologia e quatro especializações na mesma área; mestrado em Educação pela Università Cattolica del Sacro Cuore, em Milão, na Itália; e doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo, e pós-Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade do Porto, em Portugal.
Padre Joaquim coordena o Serviço de Atendimento Psicológico Familiar da Arquidiocese de Manaus e é assessor da Cáritas Arquidiocesana de Manaus com foco em crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual. Atua junto à Pastoral do Povo da Rua e é diretor da Faculdade Católica do Amazonas e pesquisador de uma universidade pública.
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